DEOCLIDES CZAMANSKI

(Fotógrafo, 1922-2005)

Fotografia e História

           Tomando emprestadas as reflexões que faz Jeziel de Paula sobre fotografia e história queremos dizer que, apresentada ao mundo em 1839, a fotografia sempre comportou um certo “sentimento de realidade”. Num primeiro momento foi vista como sendo uma reprodução exata do real, uma vez que não se percebia, de imediato, a dessemelhança entre o artefato (a fotografia) e o seu referente (a imagem que reproduzia). Similaridade e realidade tanto quanto verdade e autenticidade eram noções que se diluíam na imagem. Assim, a fotografia foi concebida como olho da história e espelho do mundo.

          Mais tarde observou-se que a imagem fotografada não é neutra, mas intencional e culturalmente codificada, pois não haveria possibilidade de se representar o real, pois em última análise, não há realidade fora dos discursos sobre ela. Essa reação contra o ilusionismo do real procurou analisar a imagem como uma formação arbitrária e ideológica, pois a fotografia poderia estar ligada ao um efeito do real.

          Para fugirmos da percepção da fotografia como reflexo do real e também como refração ilusionista, optamos em tomá-la como um signo, entendendo por tal, tudo aquilo que represente algo distinto de si mesmo, seja como objeto, forma ou fenômeno. Sob este aspecto, a fotografia fornece importante apoio documental, pois para o historiador, impossibilitado de presenciar seu objeto de estudo, o que interessa para o conhecimento histórico não é propriamente o visível, mas o inteligível.

           Deoclides Czamanski, personagem principal desta exposição é o maior produtor de imagens de Passo Fundo, foram mais de dois milhões de fotografias retratando, pelo seu olho, instantâneos da vida da cidade e da vida na cidade.

          O acervo do “seu” Czmanski é patrimônio documental da história de Passo Fundo, a partir dele já se produziu, se produz e se produzirão saberes históricos variados, pois suas lentes captaram amplamente a cidade e suas gentes de diferentes ângulos. A contribuição do Museu Histórico Regional com esta exposição é tão somente chamar a atenção para outros tantos olhares que por certo virão das imagens signos de Deolclides Czamanski.

Texto elaborado pelo Prof. Doutor Haroldo Carvalho, em  agosto de2007

Período - 02 de agosto a 30 de agosto de 2010

Faculdade Direito UPF - Campus I